
Francisco fora operado, e, pelos vistos, tudo havia corrido bem. Mas a recuperação estava mais lenta do que se esperava.
Todos os dias o jovem telefonava a Ana, e pedia-lhe uns minutos do seu tempo para lhe prestar atenção.
E Ana sofria com tudo isto. Toda esta situação fê-la sentir-se impotente, incapaz de ajudar. Cada telefonema era um balde de água fria. E voltou a chorar, depois de tanto tempo feliz.
«Gostarei eu dele? Ou escondo de mim mesma que só sinto amizade?», pensava, remoendo o cérebro. Francisco esperava mais dela, a jovem sentia-o! Mas…o quê? Ela não sabia como ajudar! Como? «Sou uma fraca!».
Tudo aquilo afectava-a duma maneira… E não sabia como reagir, como lhe transmitir força para seguir em frente, para ter coragem! A sua boca cerrava-se cada vez que ouvia a voz do rapaz, pronunciando palavras doces. Ana não conseguia dizer-lhe nem uma frase bonita. Nem um “adoro-te”! E o que mais a incomodava é que ele parecia não lhe fazer muita falta. «Será estupidez minha ou será que eu não me importo com ele? Será que sou egoísta e cruel?» Perguntas das quais não obtinha resposta…
Seria melhor dizer-lhe adeus? Definitivamente? Ana não tinha coragem para isso. Não o podia deixar nesta altura, não o queria magoar… Ele era tão especial para ela… Mas, provavelmente, não da maneira que ela gostaria que ele fosse.
Que fazer? «Tenho que o ver! Eu tenho que o ver!», mas o hospital ficava tão longe… Ou então, era ela que queria que ficasse…
«Sou uma cobarde! Patética! Que raio de atitudes estou eu a tomar? Ele não me merecia…»
Ana suspirou profundamente. Secou as lágrimas. E quando se preparava para ir dar uma volta para esquecer tudo durante uns tempos, o telefone toca… Mais uma vez…
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