18/06/2007

Francisco & Ana


Eu já magoei muito a Ana. Permiti que a minha melhor amiga lhe chamasse de lésbica à frente de todos e a humilhasse, e, cobarde como de costume, não reagi, sabendo perfeitamente que era mentira e conhecendo melhor que ninguém a sua verdadeira orientação sexual. Até hoje ela não me perdoou.


A Ana estava há relativamente pouco tempo a “andar” com o Francisco. Ouvi dizer que a empatia foi imediata.

Embora nós as duas ainda não tivéssemos voltado a ser o que era, ela pediu-me para a encobrir enquanto estivesse, a pedido do Francisco, na casa dele. Aceitei.

Ela teve de fazer um longo caminho a pé, pois a casa dele ficava um pouco longe da localidade. Quando chegou, já ele a esperava à porta, esboçando um sorriso, daqueles que nunca pude assistir. Beijaram-se.

- Já estava cheio de saudades tuas, ó musa! – e abraçou-a. Já estava para trás uma longa história de cumplicidade e amizade pura...

Foram para o quarto. Ela não sentia nenhuma espécie de nervosismo, pois já era amiga dele há muito e não era a primeira vez que frequentava a sua casa. Deitaram-se na cama e deram as mãos, de um modo pouco vulgar, como se hesitassem e avançassem, e depois recuassem, pois ainda existia alguma insegurança.

- A tua mãe ainda vai demorar muito? – perguntou, acariciando a face do rapaz.

- Não sei, mas porquê, estás com medo de ficar aqui comigo, sem mais ninguém? – interrogou.

- Não é isso.Sei lá que é… Mas… Eu quero-te dizer uma coisa…

- Diz.

- Tu, com a tua outra namorada, tinhas uma vida, digamos, diferente… Eu ainda sou muito nova… - E sentiu-se corar, desviando os seus olhos do profundo olhar castanho de Francisco.

- Estás a falar de sexo? – e Ana assemelhou-lhe a uma completa lagosta engasgada. – Miúda, tu és diferente dela, tudo é diferente.

- Claro, por isso mesmo imagino que só vão comparações nessa cabecinha!

- Não te vou negar e dizer que não, mas é diferente. Eu nunca te vou forçar a nada. Sabes perfeitamente que eu não sou desse género. – e a “lagostinha” respirou de alívio e trocou mais um beijo, seguido de algumas carícias no cabelo. Mas mais valia não o ter feito.

Ana ficou com alguns cabelos na mão. A leucemia. Ela já sabia, não era nenhuma novidade. E interrompendo o momento do choque apático, Francisco afirmou:

- É amanhã que vou rapar o cabelo. Andas com um semi-morto, não te esqueças disso, não quero que sofras por minha causa. – os olhos dela transmititam nostalgia e revoltaram-se contra tais cruéis palavras. – Mas olha, nunca me chegaste a contar quem é que te contou…

- A miúda que contou a uma rapariga que depois contou a outra miúda e que por fim me contou a mim encontra-se no primeiro lugar do teu top 6 do hi5, que consideras tua amiga, mas que anda a contar a tua vida a toda a gente.

Francisco engoliu em seco. Eram estas coisas que o impossibilitavam de confiar nas pessoas…

3 comentários:

Anónimo disse...

ta mt fixe:)
lol
jinhuz

Anónimo disse...

Imaginaçao com um misto de realidade... Mas ta mt bonit! kurti bue!
jokas... 123

Johnny disse...

tá linda a história.